terça-feira, 9 de novembro de 2021

Resenha sobre o texto "O desacordo moral em questão" ( alçando voos- aprendendo)

O desacordo moral em questão. Coitinho, Denis - Publicado na revista eletrônica Estado da Arte, pertencente ao jornal digital Estadão, em novembro de 2020.

                                                                                                         Liliane Pinheiro Marques*

O Desacordo moral em questão é um artigo jornalístico do gênero dissertativo argumentativo contendo menos de dez páginas.

Nessa obra, Coitinho traça inicialmente um panorama da diversidade e complexidade da sociedade e seus pontos de vista divergentes ligadas a política, economia, religião e temas étnicos, dando lugar a uma sociedade heterogênea que dificulta a execução de ações afirmativas, que são políticas que procuram minimizar a discriminação de pessoas pertencentes a grupos que são vitimados pela exclusão.

No decorrer do texto Coitinho traz contribuições dos filósofos John Mackie (Australiano) e John Rawls (Americano) a respeito de juízos morais e suas aplicações numa tentativa de explicar o porquê dos desacordos morais.

O autor não compreende o desacordo como uma evidência da inexistência de verdades morais objetivas e faz seu posicionamento crítico sobre o assunto.

Ele defende em sua tese que o desacordo tem a ver mais sobre crenças não-morais do que entre valores éticos ligados a crenças científicas, crenças religiosas e metafísicas, isto é, são questões mais pessoais do que filosóficas e que podem ser vistas a partir de uma perspectiva de graus, variando de acordo com a evolução moral do indivíduo e muitas vezes influenciadas pelas emoções.

Para fundamentar sua tese Denis Coitinho faz argumentações e problematizações a respeito do desacordo moral sobre as questões sobre o aborto, sobre racismo, poligamia, religião, feminismo, tortura e apoio a imigrantes mostrando a complexidade das questões éticas, das diversas visões e opiniões a respeito, mostrando um empasse entre o que é certo a fazer em todos os casos exemplificados, mas que existem valores éticos que são comuns a todos.

Coitinho entende que há uma complexidade nas questões éticas, não havendo a existência de verdades objetivas pela ausência de unidade moral, pois  a questão ética é complexa e envolve todos os ramos do saber, crenças e valores.

O autor conclui que o desacordo ético não seja um motivo para ceticismo, mas que pode apenas nos indicar que o pensamento normativo, especialmente o moral, ainda esteja em construção.

Esse artigo nos traz reflexões profundas sobre o assunto que é extremamente atual fruto de uma sociedade que vem se desenvolvendo através dos tempos e em cada etapa, olha para aquilo que lhe é peculiar e lícito de acordo com o tempo vivido.

A de se pensar sobre o que realmente o autor quer dizer sobre a moralidade ser em graus ou quem sabe em etapas? Na verdade, não existem pessoas iguais e cada uma é influenciada pelo meio em que vive e o conceito sobre moralidade do certo e errado é fruto dessas vivências que irão definir o modo de ser agir e pensar de cada um.

Penso que os problemas surgem para serem resolvidos e a sociedade vai se experimentando, selecionando o que serve e o que é importante. Não vejo uma coesão de ideias a curto prazo, somente com a pratica dos valores éticos chegaremos a um futuro mais equânime sobre essas questões.

O texto é muito atual e de fácil leitura e se destina a qualquer pessoa que queira aprofundar-se em suas reflexões sobre o assunto que tanto permeia a nossa sociedade.

Denis Coitinho é professor do PPG em Filosofia da Unisinos e Pesquisador do CNPq. Doutor em Filosofia pela PUCRS, com pós-doutorado na London School of Economics e na Universidade de Harvard. É autor de Justiça e Coerência e Contrato




* Liliane Pinheiro Marques é graduanda no curso de Licenciatura em Filosofia, na Universidade Federal de Pelotas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...